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A presença de um aparelho de ar-condicionado nos ambientes é motivo de alívio para a maioria dos brasileiros, especialmente durante a temporada de verão. De acordo com o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC-Inpe) e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet-Mapa), a temperatura média entre dezembro, janeiro e fevereiro no Brasil deve ser superior aos 31,5 ºC em vários estados do país.
Mas, se o ar-condicionado do carro do trabalho ou de casa não for higienizado de maneira adequada, apesar de continuar refrescando os ambientes, pode causar problemas de saúde. “Os principais riscos são de doenças respiratórias, especialmente para quem tem alergias, já que poeira, ácaros, fungos e algumas bactérias podem se acumular nos filtros”, comenta o médico microbiologista André Mário Doi, doutor pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo).
De acordo com o especialista, o ideal é que ele seja limpo mensalmente, ou de acordo com as instruções do fabricante. O mais indicado é contratar um técnico para fazer a manutenção, uma vez que o grau de dificuldade do equipamento varia de modelo para modelo.
O ar contaminado pelo aparelho sujo causa ressecamento do muco pulmonar –como a mucosa nasal funciona como filtro responsável por limpar as impurezas do ar, as chances de contrair infecções aumenta.
Segundo Mauro Gomes, médico pneumologista chefe de equipe de Pneumologia do Hospital Samaritano de São Paulo, os riscos são ainda maiores para pessoas que sofrem de alergias e quadros inflamatórios.
Pacientes com rinite, asma e bronquite crônica podem ter crises desencadeadas pelas bactérias, fungos, resfriamento e ressecamento do ar, assim como a mudança brusca de temperatura (esta não relacionada à higiene), já que são gatilhos para os ataques.
“Por isso é de extrema importância que o tratamento desses quadros seja contínuo, mesmo durante o verão. Com o uso de medicamentos –específicos para cada pessoa — a sensibilidade dos brônquios é reduzida, e as chances de crise, menores”, afirma.
Apesar de serem mais raros, os riscos ainda existem para aqueles que não apresentam esses tipos de doenças. Se o aparelho não for limpo durante muito tempo, a respiração continua de ar contaminado por fungos pode levar à pneumonite de hipersensibilidade, causando crises de febre, tosse seca, aperto no peito, falta de ar e cansaço.
Outro quadro, menos comum, mas igualmente perigoso é a pneumonia do Legionário, que pode ocorrer quando o aparelho de ar-condicionado é central e seu reservatório de água está contaminado pela bactéria Legionella pneumophila.
“A exposição a essas bactérias leva a um quadro respiratório de pneumonia grave. O diagnóstico precoce permite terapia antimicrobiana específica, reduzindo a gravidade e complicações do quadro”, menciona Doi.
As ameaças são tão sérias que a manutenção, operação e controle de sistemas desses aparelhos de uso coletivo (como em empresas e hospitais), são fiscalizados pela lei 13.589/2018 desde o início desse ano. Os parâmetros normativos e de qualidade que os ambientes deverão obedecer são regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). O texto estabelece um prazo de seis meses para que os donos e locatários de prédios públicos e coletivos e de laboratórios se adaptem às novas regras.